Tira tuas sandálias
Pisa na seiva de que é feita a vida
Sinta entre os dedos o sargaço morno
Que se embaraça na umidade prazerosa
Deixa-te perder por um instante na
deliciosa letargia
A solidão que carregas se prende no mar
sem fim.
Nas ondas que banham o verde das algas,
solta teus sonhos,
Inunda tua alma e flutua beatificada.
Faz do vento murmuro que se espalha e da
voz da natureza e dos pássaros marinhos a energia que te afaga.
Ouve,
A canção geme iluminada pela lua soberana,
atravessa as sombras, mergulha transfigurada e repousa na limpidez das águas.
Miragem de luz, fresca madrugada.
Perfeito esplendor
Acorda,
Agarra – te a vida e esgota teus sentimentos
As palavras presas se agitarão errantes.
Siderado entre o desejo do grito e o
pacífico anseio da quietude, captura a esperança.
Em prece solitária, hás de segredar
trêmulo e redivivo,
Todo amor fecundo e livre, que sobrevive
enraizado como as algas na perfumada e densa escuridão.
Mar de luar estrelado, perfeito, cativo e
eterno sentimento.
Dócil companheiro!
