Deixe-
me perceber a vida calada, assombrada e admirada, para margeá-la de esperanças e
fundi-la no silêncio impenetrável da alma.
Deixe-me
explorar as acres brisas das noites e a beleza sombria e incongruente da terra
mergulhada na névoa, para fazer deste atalho uma nova direção.
Deixe-me
esquivar do susto, do medo, do sono e do tédio que existe e ferve dentro de mim
para que eu me reconheça.
Deixe-me
dar passagem a desfocada imagem dos afetos escorregadios que buscam alcançar-me para travar um novo diálogo com a vida.
Deixe-me
de pé na janela emprestar ao meu olhar o deslumbramento em direção à luz do
mundo para encantar-me com o desabrochar e a libertade.
Deixe-me
reter os sonhos, as bandeiras moldadas e idealizadas, os aplausos e os
deslumbrantes voos da imaginação, para que no arrebatamento possa sentir a
mágica perfeita do amor.
Deixe-me
prostrar em oração para fazer da prece benfazeja
o
agasalho contra as intempéries da vida que haverão certamente de vir .
Enfim,
deixe-me ser feliz!