sábado, 30 de abril de 2011

A INCÓGNITA DO COTIDIANO

Cada dia difere do próximo. É a incógnita do cotidiano. Vem carregado de sonho e desejos, prevalecendo sobre o que virá a ser. O tempo tem-se encarregado de fortalecer as lições recebidas e de amainar a capacidade de delinear utopias. Mas em busca de refúgio, sem pretextos - simples necessidade, os pensamentos surgem imprevistos, além das aparências.
A ilusão da personagem, a projeção mágica e a embriaguês da emoção que lado a lado caminham , são o impulso que carrego nas acelerações da vida, e que acompanham o cerne dos meus desejos.
Neste espaço figurativo, a razão e a emoção, poderosamente, se entrelaçam e dão sentido ao imaginário.
Este dom de voar, de dar asas a mente, me levam ao conforto do desconhecido, mas também, ao estado de vigília permanente.
Delírio eu sei, tragédia ou comédia, talvez – mas, se o reencontro destes reflexos, no cotidiano, criam um espetáculo silencioso, por que não?
Cada um é único. A certeza de olhar o mundo sob um prisma envolvente, às vezes, não muitas, trás a dor fértil ou a alegria perigosa.
Nada dura também. Basta o espaço de um instante apenas, e a inconstância da ilusão desafia o silencio e cede ao desencanto.
Maleável, o tempo e as circunstâncias, sempre em movimento, como um bom e insubstituível amigo, me carregam pela mão e eu, como sempre, atravesso o precipício e, inteira, mergulho na vida.
Neste contínuo vai e vem, ao sabor da sedução e sem proteção, recomeço outra vez.
Faz sentido. É, pura ilusão tergiversar. Nunca serei diferente do que sou. E você?

quarta-feira, 20 de abril de 2011

PAREI DE CORRER

Tela de Pino Daeni
Parei de correr. Um passo sempre depois do outro.

Sem pressa, cautelosa vou alimentando esperanças e fantasiando minhas lembranças.
A inércia não me convém. Ainda desejo abraçar o mundo, mas sem sofreguidão ou insensatez. Assim vou levando a vida , saboreando, intensamente, cada momento.
Liberada, deixo de fazer concessões. A vida vai se encarregando de depurar os sentimentos e apurar a beleza que o efêmero dá.
Penduro as sapatilhas, derrubo as máscaras, toco outra partitura e, na tangível realidade, não cedo ao tédio e nem ao desencanto.
Em movimento, estiro as asas e suspendo o vôo. Sei que isto me satisfaz. Não é muito, nem tão pouco.
Só sei que é o suficiente para ser feliz.

terça-feira, 12 de abril de 2011

IMPERFEITA QUE SOU


Tela de Pino Daeni

A liberdade das minhas opções, a mim pertence. Em busca do brilho, revelei os fragmentos minúsculos do que gostaria que ficasse escondido. Não sou amante das futilidades. Despedaçar-se e reconstituir-se faz parte da minha história. Suscetível e sonhadora repouso na praticidade da vida varrendo as cinzas,  cuidadosamente.
De pé ,enfeitando a alma, acrescento luzes e vou caminhando pela vida, imperfeita como sou.

domingo, 10 de abril de 2011

CONVITE

Tela de Pino Daeni

Não sou a areia
onde se desenha um par de asas
ou grades diante de uma janela.
Não sou apenas a pedra que rola
nas marés do mundo,
em cada praia renascendo outra.
Sou a orelha encostada na concha
da vida, sou construção e desmoronamento,
servo e senhor, e sou
mistério

A quatro mãos escrevemos este roteiro
para o palco de meu tempo:
o meu destino e eu.
Nem sempre estamos afinados,
nem sempre nos levamos
a sério.

domingo, 3 de abril de 2011

DEVER DE CASA

Você tampa a panela, dobra o avental, deixa a lágrima secar no arame do varal. Fecha a agenda, adia o problema, atrasa a encomenda, guarda insucessos no fundo da gaveta. A idéia é tirar a tarja preta e pôr o dedo onde se tem medo. Você vai perceber que a gente é que faz o monstro crescer. Em seguida superar o obstáculo, pois pode-se estar perdendo um espetáculo acontecendo do outro lado. Atravessar o escuro até conseguir tatear o muro, que é o limite da claridade. Se tiver capacidade para conquistá-la, tente retê-la o mais que puder. Há que ter habilidade, sem esquecer que a luz é mulher. Do inferno assim desmascarado, é hora de voltar. Não importa se é caminho complicado, se a curva é reta, ou se a reta entorta. Você buscou seu brilho, voltou completa; jogou a tranca fora, abriu a porta.
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