Sou uma entusiasta admiradora da história da
humanidade.
A viagem sonhada para a Itália, planejada com
muita antecedência, despertara, como outras vezes, minha vontade de descobrir
novas culturas e arquiteturas de outras épocas. Fiz planos maravilhosos, como
conhecer o Coliseu, Vaticano, Davi de Michelangelo, as gondolas de Veneza, o
balcão em Verona do cenário de Romeu e Julieta, o Teatro del Silenzio, em
Lajatico, na terra natal de Andrea Bocelli e muito mais.
Éramos um grupo eclético de 9 pessoas numa
viagem de intercâmbio cultural e de conhecimento, coordenada pela Literarte.
Saímos de Roma dia 25 de abril, quinta-feira,
em dois carros alugados rumo a Firenze.
A viagem de carro pela Toscana foi uma
experiência inesquecível. Como desbravadores em terras desconhecidas, lá estávamos
nós, rumo ao desconhecido de olhos abertos e alma acolhedora.
Conforme os quilômetros foram nos afastando
de Roma, região do Lácio para a região da Toscana fomos admirando a mudança
geográfica do cenário, onde predominam morros e colinas. Tudo empolgante.
No caminho, de repente, uma cidade medieval; a
pequena comuna ficava ao pé de uma colina e sua parte mais antiga localizada no
topo.
Enquanto empreendíamos a caminhada pelas ruas
estreitas na parte alta, a mais antiga, fomos nos informando sobre a comuna. Chamava-se
Colle di Val d’Elza. O nome singular traduzido é Colina (Colle) no(di) Vale
(Val) do (Rio) Elsa (d’Elsa).
Colle di Val d’Elsa surgiu no século X. Sua
história é caracterizada por episódios frequentes de violência entre guelfos e
gibelinos. Suas batalhas tiveram
importante papel sobre o equilíbrio político da Toscana.
No século XIX, ficou conhecida como a “Cidade
de Cristal”, a Bohemia da Itália, chegando a ser responsável pela produção de
15% dos cristais do mundo.
Na caminhada passamos pela Igreja de Santa
Maria in Canonica, pelo Palazzo del Comune do século 13 (que é atualmente o
Museo civico e d’arte sacra) e o Duomo di Colle di Val d’Elsa, iniciado em
1603, que tem a torre do relógio e do sino. No prédio municipal fixada, uma
placa de Giuseppe Garibaldi, o que me fez pensar que ele, o Garibaldi, conhecido
por nós brasileiros foi importante por ali.
Naveguei no tempo, pisei nas calçadas de
pedras irregulares, passei por seus portais, admirei sua igreja, seus museus,
sua história e, por pouco tempo fiz parte da sua medieval cultura.
Que momento surpreendente vivi naquele
cenário, naquela região! Por um instante pude entrelaçar minha alma com as
raízes que alicerçaram aquela terra e sua história.
O almoço no restaurante Dietro Le Quinte, em uma
casa medieval, localizada no centro histórico da cidade, debruçada sobre os campos
de Chianti e a gostosa macarronada italiana acompanhada de uma taça de vinho da
região, foi o arremate especial para guardar na memória este local incrível e histórico
que tanto me encantou.
São tantas histórias viajantes do tempo!
Ilha de Santa Catarina, outubro de 2019.
Eloah Westphalen Naschenweng